Sense8 (2015)
Netflix
Com 12 episódios, a série foi disponibilizada no dia 05 de junho no Netflix. Criada pelos irmãos Wachowski, consegue fazer o espectador esquecer as decepções com Cloud Atlas e Jupiter Ascending e ser o primeiro bom roteiro escrito pela dupla desde V for Vendetta. Além de matar a curiosidade gerada pelo burburinho ao redor da produção, veja abaixo cinco motivos para adicionar (mais) esta série à sua lista:
1. A premissa
Num mar de comédias, soap operas, séries policiais procedurais e super-heróis, a série consegue se destacar. Diferencia-se inclusive de outras boas produções atuais, tipo Penny Dreadful, Hannibal, Game of Thrones. Apesar de, num primeiro momento, a história parecer ser uma mistura de Heroes e Jumper, o roteiro bem escrito e os personagens consistentes fisgam o espectador. Convenhamos, basear a história em personagens sensitivos sem parecer piegas ou clichê não é tarefa fácil. E os Wachowski conseguiram dar um enfoque diferenciado para algo que, num primeiro momento, talvez pareça apelativo.
2. O roteiro
Fãs de Lost ou de Breaking Bad conhecem bem a sensação de ir catando migalhas pelos episódios até conseguir completar o quebra-cabeça e entender apenas uma parte do que está acontecendo. Para que isso aconteça, o roteiro precisa estar bem estruturado, sem pontas soltas. E Sense8 é assim. Pega o espectador primeiro pela curiosidade, já que o primeiro episódio – e mesmo os seguintes – não dá muitas explicações. E mesmo lá pelo meio da temporada, quando começamos a conseguir delinear o que está havendo, surgem ainda mais perguntas pedindo respostas que não temos a menor ideia de onde virão. Mas mesmo sem entender muita coisa, o ritmo da narrativa carrega o espectador através da história. Lógico, há algumas “barrigas”, trechos que aparentemente não avançam em nada a história. Como, por exemplo, a sequência ao som de “What’s Up” do 4 Non Blondes – cantante, dançante, contagiante até, mostrando a interação entre os 8 personagens, mas poderia ser mais curta.
3. Os personagens
Não há roteiro bom que se sustente se os personagens não forem bem construídos. E dar conta de 8 personagens principais, sem cair na armadilha de deixá-los precidos demais, não é simples. Mas os Wachowski conseguiram constituir um grupo bem diversificado, tanto em localização geográfica, quanto em profissão, gênero, orientação sexual, situação econômica, hobbies:
- um policial de Chicago – Will Gorski (Brian J. Smith)
- uma hacker transexual de São Francisco – Nomi Marks (Jamie Clayton)
- um ator mexicano, no melhor estilo galã latino – Lito (Miguel Ángel Silvestre)
- uma farmacêutica indiana, prestes a se casar – Kala Rasal (Tina Desai)
- um arrombador de cofres alemão – Wolfgang (Max Riemelt)
- uma empresária coreana que, em segredo, participa de lutas de vale tudo – Sun Bak (Doona Bae)
- um motorista de lotação em Nairóbi – Capheus (Aml Ameen)
- uma DJ islandesa que mora em Londres – Riley (Tuppence Middleton)
Apesar de os 8 serem “gente como a gente”, a sucessão de eventos em que se envolvem fazem com que o público passe a se importar com eles. E é interessante ver como o roteiro “dá liga” nas habilidades de cada um, fazendo com que ajudem uns aos outros. Algo que poderia parecer um frequente deus ex machina, mas que da forma como é utilizado, ou seja, com parcimônia, serve muito bem à narrativa, reforçando a ligação entre os sensitivos.
4. As cenas de ação
Dentre os oito, quatro lutam ou têm boas noções de defesa pessoal – Will, Wolfgang, Sun e Lito. O que rende ótimas sequências, seja de luta corpo a corpo, seja com armas, em que os personagens se alternam na hora de dar (ou tomar) porrada. Se, a princípio, a série dá impressão de ser lenta, as cenas de ação ou de tensão crescente – como alguém tentando escapar – não são gratuitas, inserindose-se de forma orgânica na narrativa, modificando o ritmo, mas sem parecerem deslocadas do contexto.
5. O Binge-Watching
Em bom português, a possibilidade de fazer maratona e assistir à toda temporada de uma vez, sem ter de aguardar uma semana (ou mais) entre um episódio e outro. E o formato dos episódios se presta a isso, já que nem sempre são episódios “fechados”, como a maioria dos episódios de séries semanais. Sense8 foi pensada para este formato, tendo em mente que o publico vai sentar e assistir a 2 ou 3 episódios de uma vez.