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Tesis sobre un homicidio

Tesis sobre un homicidio

Tesis sobre un homicidio (2013) – Tese sobre um homicídio
roteiro: Patricio Vega
direção: Hernán Goldfrid
3.5 out of 5 stars

Roberto Bermudez (Ricardo Darín) é um especialista em Direito Criminal que ministra um curso bastante reconhecido. Uma nova turma está prestes a iniciar as aulas e entre os alunos está Gonzalo (Alberto Ammann), filho de um velho conhecido do professor. Gonzalo trata Roberto como um verdadeiro ídolo, o que incomoda o mestre. Já com as aulas em pleno andamento, um brutal assassinato ocorre perto da universidade. Roberto logo demonstra interesse no caso e, ao investigar os detalhes, passa a crer que Gonzalo seja o autor do crime e esteja desafiando-o a um jogo de inteligência.
(fonte: http://www.adorocinema.com/)

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Ricardo Darín é sempre um bom motivo para se assistir a um filme. Não só por sua atuação, mas também porque dificilmente faz escolhas ruins de roteiros. Lógico que nem sempre o resultado é uma obra-prima comparável a El secreto de sus ojos. E é o que acontece com este filme. A premissa é boa. O início do filme, até cerca da metade, tem um ritmo lento com uma tensão crescente, que lembra bastante Hitchcock – aliás, a trama lembra um pouco Rope. E, em certo ponto, o roteiro se perde, não consegue mais “se reencontrar” e culmina num desfecho preguiçoso, aberto demais – dá quase a impressão de que acabou o dinheiro e resolveram cortar ali mesmo naquele ponto, sem dar um desfecho minimamente conveniente à trama.

Excetuando-se isso, o filme tem a capacidade de envolver o público no jogo de gato e rato entre Roberto e Gonzalo. A dubiedade das conversas entre eles, as desconfianças e insinuações de Roberto, as indiretas e provocações de Gonzalo, é tudo muito instigante. O roteiro conduz o espectador de modo a deixá-lo em dúvida quanto às conclusões de Roberto – será isso mesmo que está acontecendo ou o professor está encarando os fatos de forma distorcida?

A fotografia é primorosa, criando um clime de filme noir, com ênfase em planos-detalhe, mas sem exagero. O suficiente para contribuir na construção do clima de tensão entre os personagens. E, sobre estes, são todos bem elaborados e bem desenvolvidos, mas percebe-se que a balança pende para Roberto. O personagem evolui, mergulhando – ou se afundando – cada vez mais em sua tese sobre o crime, levando junto o espectador. E isso ocorre não apenas pela boa construção do personagem, mas também pela atuação sempre apurada de Darín. Ele dá “consistência” a Roberto, revelando em minúcias o descontrole cada vez maior do personagem.

Mais uma vez confirmando a excelência da produção cinematográfica argentina, o filme peca principalmente pelo seu desfecho, o que não desqualifica o restante da obra.

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