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Saving Mr. Banks

Saving Mr. Banks

Saving Mr. Banks (2013) – Walt nos Bastidores de Mary Poppins
roteiro: Kelly Marcel, Sue Smith
direção: John Lee Hancock
2 out of 5 stars

Durante 20 anos, Walt Disney (Tom Hanks) tentou adquirir os direitos de Mary Poppins da escritora australiana P.L. Travers (Emma Thompson), que sempre se recusou a vendê-los para que Disney fizesse “um de seus desenhos bobos”. Entretanto, a crise financeira faz com que ela tenha que negociar. Desta forma, Travers viaja até os Estados Unidos e passa a trabalhar juntamente com a equipe escolhida por Walt Disney para que Mary Poppins possa chegar às telas. Minuciosa e com muita má vontade, ela começa a encontrar problemas de todo o tipo. Como o contrato lhe dá o direito de cancelar a cessão dos direitos caso não concorde com a adaptação, Disney e sua equipe precisam aceitar seus caprichos para que o filme, enfim, saia do papel.
(fonte: www.adorocinema.com.br)

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O título nacional não poderia ser mais impreciso. Provavelmente no intuito de facilitar a vida da maioria dos espectadores, que não faz ideia de quem seja Mr.Banks – personagem de Mary Poppins, conseguiram errar duplamente ao rebatizar o filme. Primeiro porque Walt Disney não é o protagonista do filme como o título faz pensar; segundo porque não se passa nos bastidores de Mary Poppins, mas sim antes do início da produção do filme, mais especificamente durante a escrita do roteiro adaptado. Mas esse é o menor dos problemas do filme.

O excesso de licença poética é, sem dúvida, o maior problema. Ao contrário do que o filme mostra, Disney e Travers nunca tiveram um relacionamento amigável. Na realidade se odiavam publicamente, não só antes, mas principalmente após o lançamento do filme – não, Travers não aprovou o resultado final, diferente do que o desfecho lacrimoso do filme quer fazer acreditar. Travers odiou o filme e se arrependeu pelo resto da vida por ter cedido os direitos para Disney.

saving_mr_banksTom Hanks encarna o papel de um senhor simpático, muito diferente da realidade, já que Disney sempre foi conhecido por seu temperamento competitivo, quase hostil. Travers, reconhecidamente uma senhora de temperamento difícil, é retratada como uma solteirona ranzinza e “do contra”, bem menos amarga e menos intragável do que seus próprios familiares a definiam – humanizada pela interpretação de Emma Thomson. Percebe-se aí o “efeito Disney” nos personagens, minimizando tanto os aspectos negativos de suas personalidades quanto o conflito entre dois temperamentos tão difíceis.

As conversas entre Travers, o roteirista Don DaGradi (Bradley Whitford) e os músicos Richard e Robert Sherman (Jason Schwartzman e B.J. Novak) certamente não tiveram o mesmo tom divertido e quase gracioso mostrado no filme. Além disso, o roteiro quer induzir o espectador a acreditar que a intransigência de Travers quanto à cessão dos direitos não se devia às suas reservas quanto à padronização presente na indústria cinematográfica – a autora não queria que Mary Poppins fosse apenas mais um filme padrão Disney. Com uma quantidade excessiva – e irritante – de flashbacks, o roteiro insiste que sua intransigência tinha algo a ver com um trauma do passado. E esses flashbacks da infância de Travers, que se alternam com sua estadia em Los Angeles são, por vezes, confusos e comprometem a fluidez da narrativa – trechos nitidamente escritos com a intenção de emocionar o público a cada dez minutos.

Enfim, o filme serve mais como um lembrete de que Mary Poppins – o filme – está prestes a comemorar 50 anos do que como uma obra comemorativa dessa data, já que não é nem marcante nem memorável.

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